Pioneiros ajudam a aperfeiçoar o curso
Apesar de já contar com quatro turmas desde a implantação, o curso de Produção Fonográfica da Aeso está em constante construção e tem se adequado conforme as experiências de alunos e professores. Uma das principais dificuldades sempre foi a contratação de profissionais especializados para o quadro docente. Uma averiguação para a primeira turma verificou que o principal interesse pelo curso partia de profissionais que já atuavam no mercado, entre eles músicos e técnicos. Daí o curso ser diurno, pois se imaginava que seria frequentado por artistas que tocavam na noite. Este perfil mudou, pois já há uma procura maior por estudantes que estão se formando no ensino médio. Há inclusive a possibilidade, em função disso, que o curso ganhe também uma turma noturna. Para a formanda Paloma Granjeiro, que atua há vários anos como produtora artística no Estado, a primeira turma teve o mérito e até certo ponto o sacrifício de contribuir para estruturar o curso. “Para mim foi enriquecedor pela oportunidade de troca de ideias por meio do contato com os músicos, produtores, donos de estúdio. Já trabalho na área, mas não tinha muito contato técnico. Acredito que daqui a um ano (o curso) vai estar mais assentado”, avalia a estudante. Arthur Soares, também concluinte e músico da banda Nuda, avalia de forma satisfatória sua formação. “Ninguém vai sair daqui um supertécnico de gravação, mas é um grande estímulo”, considera. À medida em que o curso passou a ser mais divulgado atraiu o interesse de alunos cada vez mais jovens. Os menos informados, de acordo com o coordenador Gustavo Almeida, às vezes têm uma ideia equivocada do que seja estudar produção fonográfica. Alguns acham que vão se formar em música. Para esclarecer os detalhes curriculares, a Aeso promove visitas guiadas ao câmpus em Jardim Brasil (Olinda), além de visitas a escolas. Entre os profissionais qualificados que a Aeso foi buscar no mercado para seu corpo docente está Iuri Freiberger. Natural de Porto Alegre, o professor morava no Rio de Janeiro onde integra a banda Tom Bloch e trabalha em estúdios como o famoso Toca do Bandido, fundado por Tom Capone. Sim, integra e trabalha, porque a tecnologia hoje permite ao artista desenvolver seu trabalho a distância. Freiberger, que leciona as cadeiras de Mixagem, Técnica de Gravação e Sistema de Sonorização, conta que uma de suas principais motivações para se transferir para Pernambuco foi “o fato de transferir tecnologia”. “Eu estava começando a ver que o mercado estava perdendo qualidade”, lembra. “Aqui tem uma produção cultural muito grande, mas o nível da produção musical ainda fica aquém dos outros polos. Tanto é que o pessoal sai daqui para trabalhar lá fora”, exemplifica. O professor acompanhou o surgimento do curso existente em sua cidade natal e notou que há similaridades com o da Aeso, como a inclusão no currículo de disciplinas com som para audiovisual. Gustavo Almeida complementa este raciocínio citando que matérias teóricas como Introdução ao Som e Física do Som incentivam uma reflexão do processo de produção fonográfica que pode levar a um aprimoramento da profissão no Estado. “Quem entra no curso com um objetivo determinado, vê tudo”, retoma Freiberger. “A música tem a capacidade de transformação. Até mesmo a condição de vida”, filosofa o professor. (M.T.)