ENTREVISTA COM LUDEMIR


Institucional
abril. 28, 2005

Lembrancinha do Adeus é o nome do novo livro do escritor Julio Ludemir. O título é parte integrante de uma trilogia sobre a favela da Rocinha e foi lançado quinta-feira (28) no Cineteatro da Aeso. O autor ministrou duas palestras para os alunos da Aeso, uma pela manhã e outra à noite, onde traçou um paralelo entre o mundo do crime no Rio de Janeiro e a violência em Pernambuco, onde morou por alguns anos. O livro retrata as histórias que Lambreta, um bandido velho e cansado, conta para Lembrancinha, um menino órfão que sonha tornar-se um bandido. Tanto as palestras quanto a entrevista que o autor concedeu no Estúdio de Rádio foram transmitidas online pelo site da Aeso - apenas o áudio. O escritor também respondeu às perguntas dos usuários enviadas pelo site ou entregues pessoalmente no Cineteatro. Os coordenadores dos cursos de Direito, José Durval, e Jornalismo, José Caminha, participaram da apresentação. Eles reforçaram a importância que o tema tem para os alunos dos dois cursos por ser um livro-reportagem, mesmo usando ficção, e por ser um vasto material de pesquisa para quem pretende estudar criminologia. Na palestra da noite o debate foi intermediado pela diretora da faculdade, Ivânia Barros de Melo. Houve também a presença do professor Nilzaldo Carneiro Leão, o coordenador do Núcleo de Pesquisa, José Luiz Ratton. Ludemir contou um pouco sobre a violência e o crime organizado no Rio de Janeiro, onde está morando. Para ele, o crime organizado é mais prejudicial à sociedade e o desorganizado atinge diretamente o cidadão. Ele afirmou que nem as próprias bocas de fumo conseguem mais absorver a mão de obra marginal produzida na cidade e citou como exemplo situações extremas que já presenciou, como uma placa que viu numa boca de fumo avisando: "não há vagas, não insista". Para o escritor, as pessoas tendem a encarar o problema do tráfico de drogas como uma tragédia social. "É como os tsunamis: algo trágico, mas longe da realidade da maioria das pessoas", compara. Ele diz que a manutenção da ordem na comunidade é fundamental no acordo entre os traficantes e o restante da população. Os bandidos costumam usar seu poder para garantir escola e transporte para as crianças e moradores, além de proteção para seus familiares. "O crime organizado promove o controle social que o Governo deveria garantir", afirma. Legalizar as drogas não acabaria com o problema da sociedade brasileira, segundo Ludemir. Isso poderia resolver um problema, mas não solucionaria de vez a rede de ilegalidades que se instalou na sociedade, com questões como extermínio, tráfico e jogo do bicho causando problemas. "A solução seria uma polícia cidadã, que absolutamente inexiste. A polícia não se repensa, tem a estrutura contaminada e vive na época da ditadura ainda", critica. Confira a matéria produzida pela equipe do Estúdio de TV.

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