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Livro “Medo de palhaço” vai ser lançado hoje



O cinema de terror costuma acessar regiões escuras da mente, ativando medos e aflições essenciais na experiência humana. Para algumas pessoas, nessa lista de possíveis fontes de angústias que tiram o sono, está o palhaço, figura circense geralmente associada ao riso. É a presença desse personagem em obras da cultura pop o tema do livro “Medo de palhaço”, organizado por Marcelo Milici, com textos dos pesquisadores e críticos de cinema Gabriel Paixão, Matheus Ferraz, Rodrigo Ramos e do pernambucano Filipe Falcão. O lançamento é nesta sexta (24), às 19h, na Livraria Cultura do Shopping RioMar.

“Queríamos fazer algo, mas não sabíamos exatamente o quê. Uma ideia foi sobre medo de palhaço, que um dos autores sentia. Então fizemos uma lista de 40 filmes. Aos poucos essa lista foi se tornando interminável. Alguém ia descobrindo mais cinco ou 10 filmes. Depois colocamos histórias em quadrinhos, desenhos animados e chegamos a um ponto que tínhamos que encerrar, se não a lista ainda estaríamos em construção”, diz Filipe.

“O palhaço é uma pessoa que não tem o rosto à mostra. Diferentemente do trapezista ou do mágico, que você vê o rosto, o palhaço é uma figura meio misteriosa, que no circo provoca muito mais do que os outros personagens. Ele vai até você, lhe puxa da plateia e faz algo meio constrangedor. Há naturalmente um certo incômodo em não saber quem está ali, mexendo com você”, diz Filipe. “Daí até o cinema de terror perceber essa figura interessante foi fácil”, ressalta o pesquisador, que atua como professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e das Faculdades Integradas Aeso-Barros Melo.

Um dos filmes analisados na publicação é “It: uma obra prima do medo” (1990). “Esse filme chamou a atenção de muita gente. Antes disso havia palhaços aqui e acolá, mas nesse ele era o principal elemento dentro de uma produção. Na década de 1980 tinha ‘Sexta-feira 13’, ‘Hora do pesadelo’, ‘Massacre da serra elétrica’, ‘Halloween’. Aí de repente um novo vilão é introduzido, um palhaço assustador e assassino”, lembra Filipe. 

“É interessante porque ele não é monstruoso. É até arrumadinho, mas vai se tornando assustador ao longo do filme”, destaca o professor, autor da dissertação de mestrado “Fronteiras do medo: quando Hollywood refilma o horror japonês”, atualmente doutorando na Universidade Federal de Pernambuco.

Além de filmes, o livro reúne textos que analisam a presença do palhaço em diferentes obras. “Quando se fala de cultura pop, você pode pensar em história em quadrinhos, no Batman, e daí vem o vilão Coringa. ‘Os Simpsons’ é um fenômeno e tem o Krusty, que é totalmente politicamente incorreto”, lista Filipe. “Acaba acontecendo talvez uma apropriação. A cultura pop reproduz algo que está dando certo. Percebe que há interesse na área e começa a explorar, trazer a linguagem para outras mídias. As pessoas podem até ter medo mas acham o material interessante”, ressalta o professor.

 

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