Integrantes da Orquestra Cidadã terão bolsa na Aeso
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 13,9% dos jovens brasileiros estão cursando o ensino superior. A partir do primeiro semestre de 2010, os membros da Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque em fase de prestar vestibular poderão integrar essa estatística: as Faculdades Integradas Barros Melo (AESO) concederam aos integrantes do projeto bolsas de estudos na faculdade. “Eles já fazem parte de um projeto fantástico, mas verificamos que eles precisam se profissionalizar. Sei que muitos provavelmente devem ser convidados para morar na Europa e trabalhar como músicos, mas os demais precisam de um curso superior para conseguirem uma projeção na vida”, disse a diretora da Aeso, Ivânia Barros Melo. A ideia das bolsas aconteceu durante a apresentação da orquestra no Congresso Nacional de Direito do Consumidor, em outubro. Na ocasião, Barros Melo se emocionou após o espetáculo e anunciou que os músicos do projeto poderão ser alunos bolsistas na Instituição, após serem aprovados no vestibular. “Fiquei profundamente tocada com essas crianças. Eles são um exemplo de conscientização e vontade. O que me impressiona é que eles tocam com a alma. Contribuir com esta causa é uma responsabilidade social que a faculdade terá o maior prazer de cumprir”, declarou Ivânia. Na semana seguinte a diretora da Ivânia visitou as instalações da Orquestra no Quartel do 7º Departamento de Suprimentos (DSUP), no Cabanga, em Recife, onde o grupo ensaia, e assinou o convênio com a Associação Criança Cidadã. “A Criança Cidadã está sempre aberta às boas parcerias, principalmente com as universidades. É muito bom contar com uma ajuda dessas”, afirmou o idealizador da orquestra, o desembargador aposentado e professor de Direito Nildo Nery. Segundo ele, hoje, o projeto, que foi criado em 2006, atende a 130 crianças e jovens. Eles recebem gratuitamente aulas de teoria musical, instrumentos de corda, percussão, flauta doce, canto coral, contando ainda com apoio médico, odontológico, pedagógico e psicológico. A seriedade do trabalho realizado tranquilizou a diretora da faculdade em relação ao nível educacional dos participantes da Orquestra. “Sabemos que há um rigor em relação à escolaridade dessas crianças e adolescentes, e que eles sabem mais de uma língua estrangeira”, apontou. A estudante Jéssica Andrade, 18, será a primeira beneficiada. “É uma oportunidade única. Fiquei muito emocionada quando soube”, contou a menina, que vai cursar Direito. “Pensei em fazer Produção Fonográfica, mas é um curso que exige muitos gastos, então acabei optando por Direito”, comentou. Ela também está prestando vestibular para Bacharelado em Música na UFPE. “Se eu passar, vou fazer as duas graduações”, garantiu. A jovem elogiou a iniciativa de Ivânia Barros Melo. “Se todo mundo pensasse assim, o mundo seria diferente. Muita gente tem dinheiro e não ajuda aos outros, além de cobrar dos pobres que tenha educação, boas atitudes. Se todos ajudassem, haveria mais igualdade”, explanou Jéssica.