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Curso superior de cinema vem formando novos profissionais



Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Faculdades Integradas Barros Melo (Aeso) conseguem, através do curso de cinema, aquecer mercado audiovisual

Pernambuco é reconhecido, há alguns anos, como uma referência no cinema nacional e internacional. Essa conquista veio através de cineastas premiados, como Marcelo Gomes ("Joaquim"), Kleber Mendonça Filho ("Aquarius") e Claudio Assis ("Amarelo manga"). Esses e outros realizadores pertencem a uma geração que não contou com cursos de cinema nas universidades; tiveram formações acadêmicas variadas e chegaram ao cinema por paixão pessoal.

"Toda a geração de cineastas pernambucanos, até 2012, tinha como referência educacional os cursos no campo da comunicação - jornalismo, publicidade -, ou artes visuais", argumenta Luiz Joaquim, coordenador do curso de cinema da Faculdades Integradas Barros Melo - Aeso. "Havia gente que estudava economia, como Claudio Assis, mas a proximidade com cinéfilos os puxava para as artes. Muitos escolhiam esses cursos pois neles encontravam o que havia de mais próximo à produção audiovisual - em disciplinas como telejornalismo e afins", explica Luiz.

Com a abertura do curso de cinema na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2009, e na Aeso, em 2015, o mercado de cinema em Pernambuco se tornou mais aquecido. "Quando se cria um curso de graduação, o impacto é medido a longo prazo", diz Fernando Weller, coordenador do curso de cinema da UFPE. "Mas a gente já percebe que a presença dos nossos alunos no mercado audiovisual em Pernambuco é acentuada. Começa a ter profissionais formados pelo curso, atuando em produções, ganhando prêmios em festivais", destaca Weller.

Esses e outros cursos de cinema - oficinas, eventos, palestras - dialogam com a cultura de cinefilia que existe em Pernambuco. "A gente precisa se dar conta que Pernambuco não é destaque no audiovisual apenas porque tem realizadores e realizadoras fazendo filmes. Temos o que chamamos de cultura audiovisual aqui no Estado", opina Fernando. "E essa cultura envolve exibição, mostras, instituições de guarda e memória do audiovisual, instituições de ensino, programas de pós-graduações que produzem pesquisas teóricas", destaca Fernando.

O curso de cinema da Aeso vem se fortalecendo nos últimos anos. No último mês, recebeu classificação máxima (nota 5) no Ministério da Educação (Mec). "O objetivo do curso é tornar o aluno um profissional apto a atuar com tranquilidade e conforto em qualquer área do cinema. Seja no campo técnico ou intelectual. Com habilidades não apenas para ser um agente no tripé que sustenta a área no mercado (produção, exibição e distribuição), mas também para atuar no cinema como um pesquisador, estimulando sua curiosidade teórica, crítica e social", detalha Luiz.

Na UFPE, cinema recebeu nota 4 no Mec. "Foi nossa primeira avaliação. Vamos passar por uma nova avaliação agora, na virada do ano, e esperamos melhorar. Porque melhoramos muito, do ponto de vista da infraestrutura", diz Fernando.

"Nossa prioridade é formar pessoas que pensam e refletem sobre o campo audiovisual, seja no papel de produtor, diretor. Que tenha capacidade reflexiva global. Essa é a função de uma universidade. Pretendemos que o curso seja muito mais amplo do que capacitar o aluno a manusear um equipamento", reforça Fernando.

   Produções
Esses cursos vêm produzindo alunos que não apenas trabalham em filmes como também lançam projetos pessoais. "Já no primeiro período, os alunos são orientados a pôr a mão na massa e realizar curtas que traduzam suas personalidades", comenta Luiz Joaquim.

"Alguns desses trabalhos foram tão bem desenvolvidos que já ganharam vida própria, indo a importantes festivais nacionais, como 'Quanto craude no meu sovaco' (2017), feito por Maria Eduarda Menezes, ainda no 2º período do curso, e tendo sido selecionado para o 29º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, em agosto", avisa Luiz.

"Percebemos a presença destacada de ex-alunos ou formandos atuando no mercado audiovisual e no campo da crítica e da academia", diz Fernando Weller. "É sempre difícil citar nomes sem esquecer alguém. Lembro-me de Lucas Caminha, Annyela Rocha, Felipe Marcena, Lucas Simões, Lorena Arouche, Amanda Beça, Vinícius Gouveia e Joelton Ivson, nas áreas de realização, fotografia e produção. Na área de direção de Arte, as ex-alunas Yanna Luz e Bruna Belo. No Som, além de Lucas Caminha, lembro de Nicolau Domingues. Como montador e realizador, cito o nome de Gabriel Çarungaua", lista o professor Weller.

Alternativas
A formação em cinema vem também através de cursos alternativos. Um exemplo é o Fera - Feminismo e Equidade para Reinventar o Audiovisual, que ocorre entre os dias 26 de novembro e 8 de dezembro, com aulas teóricas e práticas, no Portomídia, no Recife Antigo.

"Esta iniciativa foi idealizada por Amandine Goisbault, montadora e produtora audiovisual. Ela me apresentou a ideia, que me pareceu muito necessária", diz a cineasta Tila Chitunda. "Nossas experiências audiovisuais, somadas à participação em ações como as do coletivo MAPE - Mulheres no Audiovisual de PE, nos fizeram perceber a urgência e a necessidade de promover uma ação como a do Fera", detalha.

O projeto, que conta com apoio do Funcultura Audiovisual, terá oficinas destinadas a mulheres e ministradas por profissionais mulheres. A grade curricular é composta pela paulista Eliza Capai (direção e roteiro); a baiana Simone Dourado (som direto); a paulista Flora Dias (fotografia); e as pernambucanas Carol Almeida (crítica de cinema) e Catarina Apolônio e Natara Ney (montagem).

"Todas essas mulheres toparam de cara o convite. A escolha se deu porque as admiramos como profissionais e porque elas têm seus trabalhos reconhecidos. Escolhemos mulheres daqui e de fora do Estado para tornar o encontro e a troca ainda mais rica", ressalta Tila.

Através do Fera, a expectativa é ampliar o acesso de mulheres ao mercado audiovisual. "O nome Fera faz referência a um movimento maior, que é o da luta feminista, descreve nosso objetivo, que é a busca por mais equidade de gênero no audiovisual, ainda traz um aspecto de imaginação de novas possibilidades com a ideia de podermos, com nossas ações, 'reinventar' o audiovisual", explica Amandine Goisbault.

"Nosso objetivo é contribuir para uma maior qualificação das mulheres para melhorar sua inserção no mercado, sua atuação e aumentar a presença das mulheres, em especial nas áreas mais técnicas e criativas do audiovisual", ressalta Amandine. 

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